Gentileza

Por Nicolas Raline
nicolas.raline@portalkids.org.br

Na semana passada, durante uma aula de português em minha faculdade de comunicação, o professor sugeriu um debate sobre alguns temas, entre eles a gentileza, e foi esta situação que me motivou a escrever este post.

Sempre que perguntamos a alguém sobre o ato de ser amável, delicado, cortes (significados de ser gentil no dicionário), certamente, ouvimos belos sermões, mas qual a diferença entre a verdade e o politicamente correto? Se perguntássemos a uma pessoa se realmente ela age conforme seus conceitos de gentileza, acho que nos decepcionaríamos.

Durante quase toda a aula estive quieto, apenas ouvindo os comentários das pessoas a minha volta. E durante esse tempo ouvi muitas coisas como... “a inversão de valores, o sentimento de culpa, a boa ação, a gentileza acima de tudo, gentileza gera gentileza, o seu bem para a sociedade, etc...”. Porém sempre falado na 3° pessoa...

“Hoje em dia a Gentileza virou uma inversão de valores, as pessoas fazem para se sentirem bem quando deviam se sentir mal por não fazerem”, disse um participante do debate.

Quase no final da aula pedi a palavra. Ainda não tinha em mente o que diria, mas choquei a turma quando comentei que não acredito em gentileza e sim na gentileza. Para mim gentileza não é um adjetivo à pessoa e sim à ação. O fato de sermos gentis em determinadas ocasiões não nos obriga a ser sempre. Penso que se agregamos a gentileza a uma pessoa acabamos por esperar e cobrar que ela que seja sempre gentil. Confesso que nem sempre cedo lugar aos idosos ou ajudo deficientes a atravessar ruas. E vai ser difícil me ver dando esmolas à mendigos ou meninos de rua. E não me considero uma pessoa má por isso. Há dias que estou cansado o bastante para querer ir sentado até o ponto mais próximo da minha casa ou dias em que estou atrasado para ajudar um deficiente visual a atravessar a rua. Isso é o que a maioria dos brasileiros fazem, mas poucos assumem.

Como tudo na vida para mim a gentileza é apenas um ponto de livre arbítrio, onde escolho ser ou não. Independentemente de a sociedade dizer o que é certo ou errado. Fazer a melhor escolha para si, mesmo que vá contra o que os outros pensam nem sempre é errado. Pode não ser o que se convencionou politicamente correto, mas é o certo para você.

Cada um de nós tem uma opinião sobre tudo. Dar como certo algo que não acreditamos é hipocrisia. Mas temos medo de dizer o que pensamos se isso vai contra a maioria. Minha opinião não impede ninguém de me achar gentil quando faço uma gentileza, mas para mim isto é apenas gentileza.

Infelizmente, hoje o politicamente correto se tornou uma máscara sobre cada um de nós. Os medos das pessoas de serem rejeitadas por suas escolhas e independência as aprisionaram em uma realidade limitada. E além de acreditarem em algo que internalizaram sem questionar, ouvir algo diferente as assusta. Mas as vezes o diferente pode fazer a diferença...

O que você pensa sobre isso? Se desejar deixe sua opinião nos comentários.